Caen 20-02-2022
Hoje ela é zagueira da seleção brasileira e do Arsenal, que até o momento ocupa o primeiro lugar do campeonato inglês, um dos mais fortes do mundo. Com 30 anos, Rafaelle tem uma trajetória que parece transcender a idade. Ainda nova, foi morar nos Estados Unidos, se formou em engenharia civil na Universidade do Mississipi, a tradicional Ole Miss, onde aprendeu inglês na marra, e amadureceu sua relação com o futebol. Jogou durante seis anos na China, passou pelo Palmeiras, até parar em Londres em dezembro do ano passado pra defender os Gunners. A experiência e a vida acadêmica deram um novo sentido pra jogadora Rafaelle.
- Eu diria que a experiência na Universidade mudou minha vida. Quando eu fui morar nos Estados Unidos eu tive contato com a língua, com a cultura do futebol feminino. Eu cresci muito como atleta, e, principalmente, como pessoa. E, hoje em dia, pra gente ter atletas de alto nível, não pra se dedicar apenas ao esporte, só ali dentro das quatro linhas. Tem todo um entorno. Você precisa falar bem, se relacionar bem com as pessoas. Se você tiver disciplina fora de campo, você consegue ir bem dentro de campo também. - conta Rafaelle, que é uma das “tradutoras” da comissão técnica de Pia Sundhage no contato com as jogadoras que não falam inglês.
Rafaelle não jogou no empate em 1 a 1 do Brasil contra a Holanda, na estreia do Torneio Internacional da França, por causa de uma contratura no músculo anterior da coxa direita. Com isso, a zagueira deixou de enfrentar uma adversária “íntima”, a atacante holandesa Vivianne Miedema. As duas jogam juntas no Arsenal.
- Assim que eu cheguei aqui fiz uns exames e ainda tinham umas micro lesões (sofridas no jogo contra o Chelsea na Inglaterra). Por isso, eles acharam melhor segurar na estreia pra me preparar para os dois próximos jogos. Mas confesso que eu tava doida pra jogar contra a Miedema. A gente sempre fica implicando uma com a outra nos treinos, tem aquela rivalidade saudável. Depois, ela veio brincar comigo dizendo que eu me machuquei só pra não jogar contra ela - diz Rafaelle aos risos.
Para o jogo contra a França, Rafaelle já está à disposição da técnica Pia Sundhage. As donas da casa são verdadeiras pedras nas chuteiras das brasileiras, já que o Brasil nunca conseguiu vencer a França. Em dez jogos oficiais, foram cinco empates e cinco vitórias da França.
- Acho que a França tem um time muito sólido, bem rápido. A maioria joga na França, por isso elas se conhecem muito bem. Já chegam na seleção mais entrosadas. Elas também estão no meio da temporada, e isso ajuda. Nós temos jogadoras que estão no começo da temporada, e isso pode atrapalhar um pouco.
No jogo de estreia, a França venceu por 5 a 0 a Finlândia, com quatro gols de jogadas aéreas, dois deles da zagueira e capitã Wendie Renard, de 1,87m de altura.
- Temos um histórico de problemas nessa bola, mas nos últimos dias trabalhamos muito cruzamento, bolas aéreas, exatamente por ser uma das especialidades da França. A nossa marcação hoje é diferente. A gente não tem muita preocupação de marcar uma jogadora, a gente marca por zona. Então, se estivermos bem posicionadas, pode ter a altura que for, mas na bola ela não vai ter chance, só se for uma bola muito perfeita. Estamos bem preparadas.
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