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Terça-feira, 05 de Novembro de 2024
Brasileiro ex-Flamengo define jogar na  Turquia após

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Brasileiro ex-Flamengo define jogar na Turquia após "momento mais difícil da vida"

Brasileiro ex-Flamengo define jogar na Turquia após "momento mais difícil da vida"

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   Istambul 05-08-2022 

A possibilidade de jogar na Turquia se apresentou para Léo Duarte há um ano e meio, quando o zagueiro vinha de uma complicada lesão que o atrapalhou nas primeiras semanas de Milan. E, de saída quase emergencial, o Istambul Basaksehir se tornou para o brasileiro uma opção definitiva de carreira. O ex-jogador do Flamengo foi comprado pelo clube turco e agora está pronto para iniciar sua terceira temporada no futebol local.

O Istambul pagou 2,5 milhões de euros para contar com Léo, que assinou por quatro anos com o clube turco. A escolha de seguir na equipe, onde chegou em janeiro de 2021, se deu com a aprovação familiar e também de seu próprio coração, que se sentiu abraçado na capital da Turquia.

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- Aqui eu consegui a sequência, desde o primeiro momento, que eu comecei a jogar, que eu comecei a treinar com os companheiros eu senti que poderia ajudar o clube, que o clube poderia me ajudar. Foi o momento mais difícil da minha vida e eles abriram as portas para mim. Eu só tenho que agradecer, e continuar dando esse retorno técnico para eles é ótimo - diz Léo Duarte.

 

A diferença de vivência como atleta no Basaksehir foi enorme com relação ao Milan. Após problemas físicos, Léo não conseguiu cair nas graças do técnico Stefano Pioli e somou apenas nove jogos com a camisa do clube italiano. Na Turquia, logo ganhou espaço, a ponto de se tornar titular absoluto. Em 2020/21, em meia temporada, foram 21 partidas oficiais. E em 2021/22, foram 33 jogos pelo clube, 31 delas como titular.

Com a boa recepção e a boa adaptação da família, Léo resolveu que o melhor para sua carreira era permanecer em Istambul, sem o incômodo de mudanças constantes. Inclusive, o jogador conta que conseguiu se adaptar bem à cultura local, de maioria muçulmana, por também ter uma característica mais conservadora.

- É uma cultura diferente. Aqui 99% da população é muçulmana, e eles preservam bastante a família, diferente do que vemos um pouco hoje em outros lugares. E eu gosto bastante disso. Sou um pouco mais conservador, mais caseiro. E isso é bom para a família.

Agora, o foco de Léo Duarte está em conquistar troféus, já que ainda não passou por tal experiência na Europa - e, nos tempos de Flamengo, acabou indo embora meses antes de o clube faturar a Copa Libertadores e o Campeonato Brasileiro.

 

- Joguei alguns jogos da Libertadores, do Brasileiro, mas quando não se está na final, na foto, a gente não se sente campeão, na verdade. Então, o mérito não é meu. Mas torço muito por eles e fiquei muito feliz pelas conquistas - lembra.

 

Confira a entrevista com Léo Duarte na íntegra:

 

ge: Depois de uma temporada e meia no futebol turco, você foi negociado em definitivo com o Basaksehir. Qual o sentimento depois de concretizar a transferência?
Léo Duarte: - Depois de uma temporada e meia aqui no Basaksehir, pude ser comprado. Fico muito feliz, minha família está adaptada aqui, e eu também. Desde o primeiro contato que eu tive com o clube aqui, todos me abriram os braços. Eu vinha de um momento difícil na Itália, e aqui estou muito feliz. Consegui encaixar meu futebol, sou um jogador importante para o clube. E o mais importante é a minha felicidade e da minha família.

 

Foi uma decisão que partiu de você, partiu mais do Milan? Como foi conversado?
- Partiu principalmente de mim, do treinador aqui, do estafe que pedia minha permanência, me ligava constantemente. E como eu tenho um carinho muito grande por eles, e por tudo que a gente passou nesse um ano e meio, eu decidi ficar. Já estou adaptado, é um ótimo país, uma cidade muito boa. E pensando também no futuro dos meus filhos, dar continuidade num lugar só, pois ficar se mudando de país para país é muito complicado, não só para mim, mas também pra eles.

E agora com a passagem pelo Milan encerrada, como enxerga? Lamenta que não tenha acontecido como imaginado lá atrás?
- Eu fico um pouco chateado, não com o clube nem com as pessoas que estão lá, mas por tudo que aconteceu. Foi um período difícil. Deus tem um plano para todas as coisas, mas se for falar uma palavra seria azar. Com 10 dias de clube eu me machuquei, não tinha estreado ainda. Tentei me manter treinando ao máximo que eu podia, mas estava com muita dor. E quando fiz os exames constataram que eu tinha quebrado o calcanhar. E a partir daí começou uma série de ocasiões ruins para mim. Teve a questão da Covid, que eu estava com filho pequeno em casa.

 
 
Não era para acontecer, não se encaixou. E da minha parte depois que isso tudo aconteceu, minha cabeça virou um pouco, fiquei muito triste, passando por um momento complicado e acabei não me doando ao máximo o que eu podia. Acabei deixando um pouco de lado o futebol por conta da minha cabeça."
— Léo Duarte, zagueiro do Istambul Basaksehir

Então foi aí na Turquia que você pode dizer que conseguiu encontrar a felicidade no futebol europeu?
- Aqui eu consegui a sequência, desde o primeiro momento, que eu comecei a jogar, que eu comecei a treinar com os companheiros eu senti que poderia ajudar o clube, que o clube poderia me ajudar. Foi o momento mais difícil da minha vida e eles abriram as portas para mim. Eu só tenho que agradecer, e continuar dando esse retorno técnico para eles é ótimo.

O clube te surpreendeu positivamente? O que te atraiu no Basaksehir?
- Me surpreendeu bastante. Sempre que eu ouvia falar da Turquia era alguma coisa negativa, mas quando eu cheguei aqui foi sempre tudo muito positivo. É um país muito receptivo, lembra muito o Brasil, as pessoas lembram muito o Brasil. Tem a cultura deles, que é preciso respeitar, mas em geral lembra o Brasil, e eu me sinto em casa aqui. O clube é muito organizado, um dos mais organizados da Turquia.

 

E como está com relação à sua lesão? Está se sentindo 100% fisicamente?
- Desde que cheguei aqui, dificilmente me machuco. Tem sempre um plano individual, para cada atleta, e eu procuro seguir isso semanalmente. Eles têm um cuidado especial, mais próximo do jogador. E isso me ajuda bastante, a trabalhar e evoluir fisicamente. Graças a Deus, não tenho tido lesão nenhuma, sempre estou em campo. É bom para ter minutagem, confiança e sequência.

O time tinha sido campeão antes de você chegar, depois não foi tão bem, e ano passado ficou em quarto. Qual o objetivo pra essa temporada? Ser campeão?
- Eu cheguei em janeiro de 2021, era metade da temporada, e o time já vinha brigando para não cair, porque passou por uma reformulação grande, jogadores experientes que foram embora. Ano passado, com a chegada do novo treinador, conseguimos chegar em quarto. Poderíamos chegar melhor, perdemos alguns pontos no meio do caminho. Mas o objetivo principal da temporada é tentar brigar pelo título, e agora a curto prazo é classificar para a Conference League.

E como vem vendo os adversários aí? Está se falando muito sobre o Fenerbahçe do Jorge Jesus, que também contratou jogadores brasileiros...
- Acho que é o time que mais se reforçou na Turquia esse ano, é um time grande e tem um ótimo treinador. Acho que o diferencial deles para esse ano será o treinador. Pude trabalhar pouco tempo com o Jorge Jesus e sei a forma que ele trabalha, bem rígido e bem intenso. E acho que se ele conseguir tirar o melhor dos jogadores do Fenerbahçe, acho que eles vão brigar, espero que contra a gente, pelo título.

 

E em termos culturais, o que te atraiu e à sua família aí na Turquia?
- É uma cultura diferente. Aqui 99% da população é muçulmana, e eles preservam bastante a família, diferente do que vemos um pouco hoje em outros lugares. E eu gosto bastante disso. Sou um pouco mais conservador, mais caseiro. E isso é bom para a família. Fora a segurança, que aqui não se vê muita violência nas ruas. A segurança da família está sempre em primeiro lugar.

 

Sua família pediu para ficar? Como foi a conversa com esposa e filhos?
- Meus filhos ainda são pequenos, só têm dois anos. E o que pesou mais foi minha esposa, que fez algumas amizades aqui também. Eu gostei muito daqui, tive algumas oportunidades para sair, o próprio campeão do ano passado teve interesse, mas eu preferi aqui porque é um clube que já conheço, estou adaptado, tenho minha casa, as pessoas perto de mim. Então, isso é o principal.

 

O torcedor turco tem a fama de ser muito fanático. Como tem visto? Leva lições dos tempos de Flamengo?
- Eu acho que quem joga no Flamengo joga em qualquer lugar do mundo, em qualquer canto do mundo não tem comparação com a pressão. Quando está ganhando, é a coisa mais linda que tem, e quando está perdendo a gente sabe que é sai de baixo. Mas aqui é um clube novo, tem apenas oito anos de existência. Não tem muita torcida, nossa torcida ainda é jovem, mais crianças. Infelizmente, ainda não lotam o estádio. Mas eu acompanho bastante os outros times, como o Galatasaray, que é o principal de torcida aqui, e é incrível. O pessoal é muito fanático, mas diferente do Brasil, não leva tanto para a violência. O que acontece no estádio, fica no estádio. Acabou ali, vão para casa. Mas é legal de se ver, fazem uma festa muito bonita.

O que mudou desde que ganhou a Copinha no Flamengo e subiu para os profissionais?
- Acho que de seis anos para cá eu amadureci bastante, agora tenho minha própria família. Dentro de campo, a experiência conta também. Me lembro que em alguns jogos, no começo, por conta da insegurança, da falta de experiência, acabava errando alguma coisa boba. Mas hoje com a experiência a gente consegue sair melhor das situações difíceis dentro de campo.

 
 

Consegue acompanhar o Flamengo daí?
- Acompanho bastante. Às vezes fica tarde, infelizmente, pois são seis horas de diferença. Mas sempre fico na torcida pelo Flamengo.

E qual o seu planejamento de carreira? Pretende ficar mais tempo na Europa, já vislumbra voltar ao Brasil?
- O futebol do Brasil hoje está entre os melhores do mundo. Mas minha intenção é ficar na Turquia por enquanto, tenho mais quatro anos. Espero fazer ótimas temporadas, ficar ano a ano e tentar ganhar títulos, que são importantes. Minha intenção é ter sequência, se aparecer coisas aqui na Europa... Mas quem sabe também voltar ao Brasil um dia, penso depois dos 30, mais pro final.

 

Caso você consiga ser campeão por aí, seria o primeiro título na Europa, né? E no Flamengo você saiu antes das conquistas de 2019.
- Seria meu primeiro título aqui, sim. (No Flamengo) Joguei alguns jogos da Libertadores, do Brasileiro, mas quando não se está na final, na foto, a gente não se sente campeão, na verdade. Então, o mérito não é meu. Mas torço muito por eles e fiquei muito feliz pelas conquistas.

Então está ansioso pelos títulos?
- Estou, bastante. Preciso ganhar um título, faz algum tempo que não ganho. O último foi o Carioca de 2019, tem três, vai para quatro anos. E é importante para a carreira do atleta, né.

FONTE/CRÉDITOS: Redação da Foot Brazilian World
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