Madri 17-01-2023
A Comissão Estatal contra a Violência, Racismo, Xenofobia e Intolerância no Esporte da Espanha rechaçou os ataques racistas contra Vinicius Junior. O órgão, vinculado ao governo do país, disse que está trabalhando com Real Madrid e Valladolid para identificar os autores dos insultos, realizados no jogo entre as duas equipes, no último dia 30 de dezembro.
A Comissão tratou do caso nesta segunda-feira, segundo a imprensa espanhola. A denúncia foi feita por LaLiga, entidade que organiza o Campeonato Espanhol. A liga normalmente não prevê sanções esportivas em casos de racismo e apenas o denuncia ao órgão estatal, que faz parte do Conselho Superior do Esporte da Espanha.Vini Jr foi vítima de ofensas racistas no jogo contra Valladolid
De acordo com o relato de diferentes veículos da Espanha, os membros da Comissão “manifestaram por unanimidade o seu repúdio absoluto a este tipo de conduta e reiteraram o seu compromisso de banir expressões e comportamentos racistas e xenófobos do campo do futebol e do desporto em geral”.
O órgão também tratou sobre os insultos racistas sofridos pela jogadora colombiana Mayra Ramírez, do Levante, em jogo com o Alhama CF, pela Copa da Rainha no dia 11 de janeiro.
No caso anterior de racismo sofrido por Vinicius Junior, diante do Atlético de Madrid, em setembro, o Ministério Público de Madri decidiu arquivar o caso. O MP entendeu que as ofensas "duraram alguns segundos" e aconteceram em contexto de "máxima rivalidade".
Após os ataques sofridos contra o Valladolid, Vinicius Junior fez um desabafo nas redes sociais e cobrou reação de LaLiga. O presidente da entidade, Javier Tebas, respondeu em tom ríspido e disse que o brasileiro “deveria se informar melhor”, ao citar as denúncias feitas pela liga. Presidente do Valladolid, Ronaldo Fenômeno se limitou a condenar a postura de sua torcida.
Vinicius Junior e o racismo na Espanha
Os insultos racistas de torcidas rivais têm sido constantes contra Vinicius Junior na Espanha. O caso mais grave e mais recente foi no clássico contra o Atlético de Madrid, em setembro, dias depois que o brasileiro também foi alvo de declarações racistas em um programa de TV do país.
Na ocasião, houve grande mobilização na internet de brasileiros e estrangeiros apoiando o jogador, quando surgiu a hashtag #BailaViniJr. Após o ocorrido, Vinicius fez um comunicado e disse: "Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar de bailar".
Em setembro, o Congresso dos Deputados da Espanha condenou os insultos racistas contra Vinicius Junior cometidos pela torcida do Atlético de Madrid no clássico espanhol. Na declaração, os parlamentares exigiram medidas da LaLiga, Uefa, Fifa e as autoridades públicas do esporte no governo espanhol.
– Este episódio não é um caso isolado, mas um novo exemplo de uma realidade que já foi denunciada muitas vezes: Marega, Kameni, Williams, Marcelo, Alves ou Eto'o, entre outros, são alguns dos jogadores que sofreram insultos racistas – afirmou a declaração do Congresso.
Na ocasião, o Atlético de Madrid condenou a atitude de seus torcedores e chegou a suspender três sócios por racismo contra Vini Jr.. LaLiga denunciou o caso, mas, três meses depois, o Ministério Público de Madri arquivou o inquérito. A entidade afirmou que as ofensas "duraram alguns segundos" e aconteceram em contexto de "máxima rivalidade".
A lei na Espanha
Na Espanha, há uma legislação – desde 2007 - para casos de incidentes violentos no esporte, incluindo o racismo. A lei prevê que "infrações graves" de racismo podem gerar multas individuais de 60 mil a 650 mil euros, ou valores mais baixos - entre 3 mil e 6 mil euros. Além disso, os torcedores podem ser banidos e os clubes podem ficar sem seus estádios – por até dois meses a dois anos.
Ao mesmo tempo, há ainda o código de disciplina da Real Federação Espanhola – em que há possibilidade de acusam de omissão por não tomar providências para evitar casos de racismo. Apesar de todas essas previsões, os respectivos órgãos não têm o hábito de aplicar punições severas.
Comentários: