Foot Brazilian World Magazine

Terça-feira, 05 de Novembro de 2024
Rumo ao City,Brasileiro Kayky revela papo com Fernandinho, faz balanço no Fluminense

Inglaterra

Rumo ao City,Brasileiro Kayky revela papo com Fernandinho, faz balanço no Fluminense

Rumo ao City,Brasileiro Kayky revela papo com Fernandinho, faz balanço no Fluminense

IMPRIMIR
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.

   Manchester 02-09-2021 

 

Quem viu, viu, quem piscou talvez perdeu. A passagem de Kayky, considerado uma das grandes joias recentes fabricadas em Xerém e que foi vendido ainda na base, durou pouco no profissional do Fluminense. Depois de seis meses, 37 jogos, quatro gols e três assistências, o jovem de 18 anos se despediu do clube semana passada e embarcou na madrugada desta quinta-feira no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, rumo ao galáctico Manchester City de Pep Guardiola, na Inglaterra.

Publicidade

Leia Também:

Há uma semana, o Fluminense anunciava a liberação de Kayky, que a princípio ficaria até dezembro, mas foi antecipada em três meses "em virtude da ótima relação entre o Flu e o Manchester City", disse o clube em nota oficial. O atacante deixou o Tricolor como uma espécie de 12º jogador do time. Além dos 12 jogos em que foi titular, foi disparado o mais acionado na reserva até aqui na temporada: ele saiu do banco em 25 partidas, contra 19 do Abel Hernández, segundo que mais entrou.

Kayky teve 80% dos direitos econômicos vendidos por €10 milhões de euros (R$ 65,5 milhões), o que em valores brutos já o fez superar a venda de Gerson em 2015 para a Roma, da Itália, por € 17 milhões de euros (R$ 64 milhões na época), como a venda mais cara do Fluminense devido ao câmbio em 2021. Mas como ainda há bônus e obrigações de até €16 milhões de euros (R$ 97,7 milhões) possíveis de atingir no Manchester City, ele pode bater o recorde até na moeda original.

 

Kayky viajou junto com os pais e o irmão para a Europa — Foto: Divulgação

Ao lado de Kayky no voo foram os pais, Seu Demir e Dona Monica, e o irmão, Luiz. A viagem, porém, não vai ser direto para a Inglaterra. A família fará "escala" em Portugal, onde passará a quarentena na chegada à Europa e só depois de 10 dias é que seguirá para Manchester – o garoto por enquanto tomou a primeira dose da vacina da Covid-19 e aguarda a segunda dose para sua idade. E antes dessa maratona, ele falou com o "Tá na Área", do SporTV, e o ge em seu último dia no Brasil.

No combo das duas entrevistas, Kayky fez um balanço dos primeiros seis meses de profissional; admitiu dificuldades físicas e os altos e baixos em campo; reconheceu que poderia ter rendido mais em outro esquema tático; disse que gostaria de ter jogado mais tempo, apesar de considerar sua minutagem boa para quem acabou de subir da base; se despediu da torcida tricolor e revelou um papo com Fernandinho, ex-Seleção que é um dos três brasileiros do City ao lado de Ederson e Gabriel Jesus.

 
 
 

E aí, Kayky, ansioso para viver o futebol europeu?

– Fiquei ansioso desde a primeira vez que falaram que tinha uma proposta para mim do Manchester City. Era meu sonho poder trabalhar com o Pep Guardiola, considero um dos melhores treinadores, e cada dia que chegava mais próximo eu ficava mais ansioso. (...) Procurava manter o foco aqui, tinha a temporada toda pela frente. Mas vai chegando perto da data de apresentação, vai batendo aquele friozinho na barriga, que sempre bate quando a gente entra em campo. E é bom demais sentir isso.

Como está sua rotina esses dias? Vi que está treinando com um personal trainer, né?

– Desde o meu desligamento, eu liguei para o meu personal, que treinou comigo durante a quarentena, e não fiquei parado. Já começamos a treinar, já me preparando para poder chegar lá bem.

Com quem você vai ficar lá neste início?

 

– A princípio, vai meu pai, minha mãe e meu irmão. Depois, estou tentando para minha namorada (Livia) ir também (risos). Vou encontrar o Metinho também, há muito tempo que não vejo ele. Está na França, mas dá para chegar lá, pertinho. Está me ligando chorando direto, está com saudade já (risos).

 

Do que você vai sentir mais falta do Brasil?

– Ah, mais da família, dos amigos, e do calor (risos). Negócio de frio não é comigo, não (risos). Vou ter que me adaptar.

Já conhece a Inglaterra?

– Sim, quando fui convocado disputei um campeonato lá, passei uns 10 dias. Fiquei no centro de treinamento da Inglaterra e no hotel, mas não deu para sair porque tinha jogos todo dia, não deu para conhecer muita coisa.

E o inglês? Deu tempo de aprender o idioma?

– Eu comecei a fazer inglês, mas quando dava porque estava bem apertado, eram muitos jogos, viagens para lá e para cá... Quando dava eu fazia algumas aulas na semana. Estava bem devagarzinho porque teria até o final do ano, agora vai ter que dar uma apertada (risos).

Já teve algum contato com o Guardiola? Sabe se vai começar direto no profissional, ou se vai passar por sub-20 ou sub-23 ou ser emprestado?

– Tive com o diretor de futebol, mas com ele (Guardiola) diretamente ainda não tive oportunidade. Eles têm um projeto para mim, que eu ainda vou sentar com eles quando chegar lá e ver o que é melhor.

E já falou com algum brasileiro do time?

– Já, com o Fernandinho por telefone. É um cara maneiro demais, vai me ajudar bastante. Gostei de conversar com ele, já me recebeu muito bem, mesmo não me vendo pessoalmente.

Fernandinho com a braçadeira de capitão do Manchester City — Foto: Getty Images

 

Em um time cheio de craques, com quem está mais ansioso para jogar?

– Gabriel Jesus e De Bruyne, são os dois com que eu jogava mais no videogame.

Vai dar muita assistência para o Gabriel Jesus?

– Pode surgir uma parceria aí, quem sabe? (risos)

Já caiu a ficha que vai enfrentar craques como o Cristiano Ronaldo, que voltou para o Manchester United?

– Só vai cair lá, quando perceber que está trabalhando no dia a dia com pessoas que nem imaginava jogar, que ficava vendo na televisão, jogando videogame com os próprios jogadores... E um dia você poder estar lá, poder jogar contra o Cristiano Ronaldo, que é um dos meus ídolos, não tenho nem noção disso. Acho que a ficha só vai cair quando estiver lá mesmo.

E no Fluminense, como foi a despedida dos companheiros?

– Me despedi logo depois do jogo contra o Atlético-MG (pelo Brasileirão). Fui ao CT, eles me receberam muito bem, como sempre. É um grupo incrível, merece tudo de melhor, vou ficar na torcida por eles. Me receberam de braços abertos, sou grato por tudo que fizeram por mim.

Tuma de Xerém: Kayky ao lado de Calegari, Luiz Henrique, Caio Paulista e John Kennedy — Foto: Divulgação

Você a princípio ficaria até dezembro. O pedido de liberação já esse mês partiu de quem?

 

– A gente tinha um acordo que era até o final do ano, mas não conseguimos cumprir. Os dois tinham projetos e entenderam que era melhor eu ir agora, que era o melhor momento. Como foi falado, foi amigável.

Você foi o 12º jogador do Fluminense e esteve em campo em 1.420 minutos, o que equivale a 15 jogos inteiros. Acha que foi pouco? Gostaria de ter jogado mais?

– É claro que o jogador quer jogar todos os jogos e todos os minutos, mas eu acho que para o meu primeiro ano tive bastante minutagem. Para mim, foi bastante importante jogar de titular e, quando não começava, sair do banco. Claro que eu queria ter mais tempo para poder ajudar, mas eu fico feliz com essa minutagem que tive pelo meu primeiro ano de profissional.

Você começou muito bem, viveu grande fase, fez aquele golaço contra o Nova Iguaçu, mas na reta final não conseguiu manter o mesmo nível. Por que acha que oscilou assim?

– Eu estava me adaptando ainda. No começo, eu consegui me adaptar bastante, mas depois tem coisas que vão fazendo a diferença: força, experiência... Acho que foram nesses pontos que eu tive uma quedinha sim e precisava evoluir.

A forma como o Fluminense jogava taticamente atrapalha sua característica de drible e velocidade? Acha que poderia ter rendido mais em outra estratégia?

 

– Acho que sim, poderia entregar mais por minha característica de habilidade, de ir para cima, no um para um, e minha equipe jogava de uma forma muito física. Chegando agora no profissional, sinto que sofri um pouquinho no corpo, os jogadores eram bem mais fortes que eu. Mas sinto que o time jogando mais um pouco com a bola no pé eu poderia dar mais, sim, na parte ofensiva.

O Roger Machado não resistiu à pressão e acabou demitido após a eliminação na Libertadores, que foi o seu último jogo pelo Fluminense. O que acha que causou essas criticas? Por que o time não conseguia jogar de forma que agradasse ao torcedor?

– A torcida vai cobrar quando os resultados não vêm, isso é normal. Quando vêm, ela vai gostar, isso é óbvio. Pelo que eu via, a proposta de jogo nossa, que era uma proposta de se defender bastante, o time se ajudava bastante para poder sair no contra-ataque. Tinha jogo que a proposta era boa, tinha outros que não conseguia fazer a proposta e agradar ao torcedor. A gente queria jogar, sempre falava um com outro: "Vamos trabalhar mais, temos a proposta de sair no contra-ataque, mas quando tiver com a bola vamos jogar". A gente também se sentia incomodado, não eram só os torcedores. E claro, quando o trabalho não dá resultado cai para o treinador, que é o comandante, mas também nos sentíamos incomodados de não poder jogar tanto com a bola e ter essa proposta de sair mais no contra-ataque.

Qual vai ser a sua maior lembrança desses seis meses que viveu no time principal do Fluminense?

– Ah, o meu primeiro gol como profissional. Foram 10 anos de clube. Quando faz o primeiro gol pelo profissional, lembra de toda história. Ficou bastante na minha memória.

 

E o golaço sobre o Nova Iguaçu? Acha que vale Puskás?

– Foi bonito, mas vou deixar para os outros (risos).

 

Se cumprir muitos dos bônus previstos no contrato no Manchester City, você poderá superar o Gerson e se tornar até a maior venda da história do clube até sem contar o câmbio. Já pensou nisso?

– Eu vi a matéria que saiu esses dias, fico acompanhando. É gratificante poder retribuir para o clube que me iniciou, que me mostrou para o mundo. É dar uma recompensa para um clube me formou, isso é maneiro demais.

Por causa da pandemia, você acaba saindo sem ter o contato com a torcida nos jogos. Gostaria de deixar algum recado para a torcida do Fluminense?

– É uma das coisas que me deixou triste, sempre nos meus sonhos via o Maracanã lotado, poder fazer gol e correr para a torcida. A mensagem que eu deixo é que eu sempre serei um moleque de Xerém.

FONTE/CRÉDITOS: Redação da Foot Brazilian World
Comentários: